O Bom Amigo a Gente Não Esquece!.

“A amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir”... A música ‘Amizade’, do grupo Fundo de Quintal, é quase um hino cantarolado por amigos. Só quem tem um amigo sabe a importância de se cultivar laços, que resistem ao tempo e aos maus momentos. O SÃO GONÇALO aproveitou a celebração do Dia do Amigo, comemorado hoje, para conhecer de perto a história de amizade de duas pessoas que já resiste a longos 48 anos de muita compreensão, ajuda e respeito.

 

O ano era 1966, quando então jovens, o jornalista Assueres Barbosa, atualmente com 78 anos, conheceu o secretário do governador Geremias Mattos Fontes, Josias Ávila, 75. Como seu cotidiano era relatar a política carioca, Assueres ia com frequência ao gabinete de Josias em busca de informações para suas matérias.

 

A confiança entre os dois foi crescendo ao longo dos anos, até que em 1970 Josias se elegeu pela primeira vez deputado estadual, cargo que ocupou no legislativo por quatro mandatos. Na mesma época, Assueres passou a integrar Comitê de Imprensa da Assembléia do antigo Estado do Rio de Janeiro, onde hoje é localizado o prédio da Câmara de Vereadores de Niterói. 

 

O encontro entre os amigos, acontecia quase sempre no restaurante do local, onde se reunia uma grande turma de parlamentares, assessores e jornalistas. Assueres, sempre mais comunicativo, era o “boêmio” do grupo e casou-se três vezes, tendo cinco filhos. Josias, bem mais contido e tímido, casou-se apenas uma vez e teve quatro filhos. 

 

Apesar de aparentemente tão diferentes, os dois nunca brigaram e gostos em comum os unia : a paixão pela música, o amor por São Gonçalo e a boa conversa. Tanto que juntos, os dois e mais alguns amigos criaram o Momento Musical Salvatori e também um grupo de seresta dançante, que toca uma vez por mês no Abrigo Cristo Redentor, onde Josias, hoje, é o vice-presidente. 

 

Mas em 2010, a amizade que já era forte, foi colocada à prova. Assueres descobriu ter problemas cardíacos e precisou de ajuda. Foi então que Josias não teve dúvida e decidiu ajudar o amigo. 

 

Depois de quatro cateterismos, duas angioplastias e colocação de 7 stents, Assueres foi desenganado pelos médicos. Foi aí então que Josias lutou até o fim para que aquele diagnóstico pudesse ser contrariado. 

 

“Acompanhei de perto todo o quadro evolutivo da doença do Assueres. Em 2013, ele ficou 60 dias internado no Hospital Estadual Alberto Torres. Ia visitá-lo, todos os dias, porque vejo que tem que ser assim. Quem está ao redor, precisa entender que aquela pessoa que está na maca é querida. Quando os médicos o desenganaram, não pude acreditar. Orei muito, bem como muitos Amigos, e a previsão não se confirmou.

Pedi então para trazê-lo para o Abrigo Cristo Redentor, onde ele receberia além de tratamento médico, um carinho diário”, revelou. 

 

Segundo Josias, ele chegou a ficar sem andar ou falar e também não conseguia se alimentar sozinho. Usava fraldas e tomava mamadeira. 

 

Ainda segundo Josias, com tantos cuidados, Assueres ficou preguiçoso. Foi então que ele deu um últimato. “Disse: ou você deixa de ser preguiçoso ou te levo para o Hospital Geral. Na mesma hora, ele apresentou melhoras e começou a se alimentar cada dia mais e fazia os exercícios diários”, brincou. 

 

Assueres, por sua vez, atribui à amizade, a sua recuperação. “Em 2003, perdi um irmão muito querido. Nessa época, o Josias, que já era meu amigo, se tornou um irmão. E não foi só na doença que esteve ao meu lado. Sempre foi companheiro e me aconselhou. Ele é um homem ungido por Deus. E viveu 24 horas ao meu lado no hospital”, declarou.