sábado, 7 de março de 2015

Zeyr de Souza Porto + 1929 - 2015

Uma triste perda para a sociedade e a política gonçalense e fluminense!.
Faleceu no último dia 03 de março de 2015, quarta-feira, pela manhã, em sua residência, em Niterói, aos 86 anos de idade, o advogado e fiscal de rendas aposentado, Zeyr de Souza Porto, que foi vereador, deputado estadual, vice-prefeito e prefeito em nossa cidade.
Zeyr nasceu em 25 de janeiro de 1929, no bairro Monjolos, em São Gonçalo. Deixou viúva, a sra. Marlene Rachid Porto, com quem teve três filhos: Marcos Rachid Porto, José de Souza Porto Neto e Márcia Rachid Porto.. E, um filho adotivo, Marcos Canto.
Entre outros familiares, os netos Diogo, Bernardo, Vitor Eduardo, João Pedro e Carolyna.
Foi sepultado no Cemitério de São Gonçalo, em jazigo perpétuo da família, após seu corpo ter sido velado no Centro Cultural Joaquim Lavoura, por determinação do prefeito Neilton Mulim, que decretou três dias de luto oficial e acompanhou as homenagens post-mortem, ao lado do deputado estadual Nivaldo Mulim.
POLÍTICA
Zeyr de Souza Porto deixou um rastro de honestidade no trato com a coisa pública. Integrante do tradicional Grupo Político "Joaquim Lavoura", foi Vereador de 1951 a 1959; Deputado Estadual, de 1960 a 1971; Vice-Prefeito de 1973 a 1975; Prefeito de 1975 a 1977; Deputado Estadual de 1979 a 1987. Ocupou, ainda, outros cargos de destaque na Administração Pública.
Foi, ainda, fundador da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências, ocupando a Cadeira do escritor Machado de Assis, tendo sido presidente da entidade, por três vezes. 
No velório e no sepultamento, estiveram presentes, velhos companheiros da política, como o ex-deputado federal e prefeito Osmar Leitão Rosa; ex-deputado estadual Josias Ávila Jpunior; ex-vereadores Liodene Lopes; ex-vice-prefeito Antonio Maia; vereadorJorge Mariola; advogado Evaldo Palmar; jornalista Jorge Nunes.
À beira do túmulo, a última homenagem:ao ser baixado o caixão: o toque de silêncio. 
No dia 10 de março, na Igreja de Nossa Senhora das Graças, no Porto Velho, foi celebrada missa em sufrágio de sua alma,

N.R. Tive a honra de ser seu Assessor de Cerimonial, quando ele assumiu em 1975, o cargo de prefeito, quando do falecimento do então prefeito Joaquim Lavoura. E, o desprazer de fazer a cerimônia de despedida do meu Amigo Zeyr Porto, dessa terra,
Só agora, tive condições de postar essa matéria...
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sexta-feira, 6 de março de 2015

Homenagem às MULHERES em seu DIA - 8 de março

Ao longo dos tempos, a mulher conseguiu superar todas as formas de discriminação e, conquistou o seu espaço na sociedade, nas áreas sociais, políticas e econômicas, com inteligência e determinação. Nos velhos tempos, as mulheres sempre sofreram (desde a Idade da Pedra) todos os tipos de violência, sem que tivessem qualquer direito a pleitear.
No Brasil, a sociedade machista do passado (ainda existem remanescentes) sempre classificou a mulher como a chamada "dona de casa", que tinha a obrigação de cuidar da casa, do marido e dos filhos. Devia desde cedo aprender a lavar, cozinhar. passar e bordar. Qualquer manifestação cultural lhe era proibida (vide, entre outras, a compositora Chiquinha Gonzaga). E a violência -principalmente a familiar - sempre a acompanhou.
Os tempos mudaram: a mulher se conscientizou do seu valor, e passou a conquistar direitos que há muito deveriam ser seus. Hoje, ela está presente em todos os campos da sociedade, disputando com competência todos os espaços, antes reservado só para os homens.
No Brasil, mulheres como Chica da Silva, Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, lutaram pelos seus direitos e pelo término da opressão. Rita Lobato foi a primeira mulher a cursar uma Faculdade de Medicina em1887.. 
E, a Lei 11. 340, MARIA DA PENHA, que leva o nome da biofarmacêutica cearense Maria da Penha, espancada e violentada pelo seu próprio marido, sancionada em 7 de agosto de 2006, pelo presidente Lula, conseguiu (em parte) refrear os instintos bestiais de alguns que se consideram homens, por causa de sua violência contra o sexo feminino.

ORIGEM
A origem do Dia Internacional da Mulher é atribuída erroneamente aos protestos de trabalhadoras de uma fábrica de tecidos, em busca de melhores condições de trabalho e salários, quando perderam a vida, no dia 25 de março de 1857. 130 costureiras. Foi em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, que se decidiu criar o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às mulheres que faleceram naquela época.
A idéia de se criar uma data internacional para as mulheres surgiu na 2ª Revolução Industrial, por ocasião da 2ª Guerra Mundial. Em maio de 1909, os Estados Unidos comemoraram a data pela primeira vez. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Internacional da Mulher.

HOMENAGEM
"Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio, e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que eu me preocupe com ele, e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva, saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade, e não ria de mim,e nem se aproveite disso. Que se eu fizer uma bobagem, o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada, o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais. 

Que se começo a chorar sem motivo, depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim, o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo: "Olha estou tendo muita paciência com você!"
Que se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer, eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha, e nem me ridicularize. Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim, reclamando: "Mas que chateação essa sua mania, volta para cama!"
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire. 

Que o outro - filho, amigo, amante, marido - não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro, entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa... uma mulher".
N.R. Pesquisando, achei essa pérola de poema, que dedico antecipadamente a todas mulheres, em seu DIA. Com muito carinho!. Assueres.

terça-feira, 3 de março de 2015

Estatística do blogdojornalistaassueres: 101 mil 508 visualições.

Um projeto que foi idealizado para cobrir um espaço de tempo ocioso, esse modesto blog de vocês, alcançou hoje, a marca de 101 mil e 508 visualizações, no Brasil e no exterior. 
Claro, que procurei, modestamente, não sendo professor de história e literatura, nem expert em qualquer outro assunto, publicar textos sobre assuntos diversificados que despertassem qualquer interesse. Sou apenas um jornalista curioso, Penso que atingi os meus objetivos.
Sei que não é nenhum feito histórico, mas em se tratando de uma publicação pessoal, de alguém totalmente "analfabeto" em computação, acho excelente. 
Principalmente, porque alguém disse que, "um blog é forma de se satisfazer vaidades pessoais", no que concordo, inteiramente. mas, há que se ter história para contar e inteligência para se redigir.
Acima de tudo, existe ainda, a satisfação de ter recebido um comunicado do Google, de que "esse blog foi considerado de boa qualidade".

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Estatística do blogdojornalistaassueres

Países com maiores visualizações                               

1 - Brasil - 56.040                                                                      

2 - Estados Unidos. - 19.035                                              

3 - Alemanha - 15.351

4 - Russia - 1.748

5 - Portugal - 1.060

6 - França - 804

7 - Malásia - 471

8 - China - 397 -

9 - Ucrânia - 341

10- Reino Unido - 317

Matérias mais lidas

1 - O dia em que o vulcão..... - 2.453 -

2 - Anos 50/60/70 - Tendências musicais. 1.780

3 - Deputados Federais eleitos -1.290

4 - Ana de Assis e Dilermando de Assis - 1.034

5 - 0s 30 vereadores mais votados - 960

6 - SG. tem um cientista político - 878

7 - Theatro Municipal do Rio - 790

8 - Incêndio do Circo - 789

9 - Gonçalenses e seus nomes famosos - 699

10 - Tutankamón - O Faraó Menino - 644


Outros Países

Áustria, África do Sul, Albânia, Angola, Argélia, Argentina, 
Arábia Saudita, Austrália, Bangladesh, Belarus, 
Bélgica, Bolívia, Coréia do Sul, Colômbia, 
Costa Rica, Cingapura, Chile, China, Chipre,
 Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, 
Estônia, Equador, Filipinas, Geórgia, Grécia,
Guiana Francesa, Haiti, Holanda, Hong Kong, 
Índia, Iraque, Itália, Israel, Irlanda, Indonésia, 
Jamaica, Letônia, Luxemburgo, Malásia, Marrocos,México, 
Moçambique, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, 
Panamá, Paquistão,Peru, Porto Rico, Quênia, Republica 
Tcheca, República Dominicana, Romênia, Suécia,
Suíça, Sérvia, Sri Lanka,Tailândia, Uruguai, 
Uzbequistão, Ucrânia, Venezuela, Vietnã.


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Venezuela: Isla Margarita - Uma viagem inesquecível.



                                                                          

                                                       Filas nas portas dos super-mercados
                                                       em Isla Margarita.

Quando meu filho Fabrício Rodrigues da Silva, telefonou-me dizendo que nas férias de janeiro, iríamos passear em Isla Margarita, uma ilha situada na Venezuela, não imaginei que estávamos prestes a viver uma grande aventura, sob dois aspectos: turístico e jornalístisco. Seriam 5.500 kms rodados, 4 dias de automóvel, ida e volta, de Manaus à Venezuela, por estradas desertas, passando pela Serra de La Virgem del Valle - 200 kms -. Somente céu, mata e montanha. Cada cidade fica à uma distância da outra, de 200 a 300 kms, e mais 8 horas de ferry-boat, ida e volta,pelo belíssimo Mar do Caribe, até Isla Margarita.
Em dois carros, com minha nora Ana Caroline Duarte, meus netos Felipe e Ana Clara, e, os tios de Carol, Sidney Carlos da Silva e Ana Paula Araújo, saímos de Manaus no sábado, dia 3 de janeiro, às 3h30 da madrugada. em direção ao município de Presidente Figueiredo, distante do ponto de partida,120 kms, quase duas horas, ingressando na Reserva indigena da tribo Waimiri Atroari - 120 kms de percurso onde é proíbido parar, situada entre os Estados do Amazonas e de Roraima. As correntes abrem às 6 horas e fecham às 18 horas-.

                                                                               

                                               Marco da fronteira entre o Brasil e a Venezuela-


Percorremos municípios do Estado de Roraima, passando pela capital, Boa Vista, até chegarmos à fronteira do Brasil e Venezuela, que fica entre as cidades de Paracaima (Roraima) e Santa Helena de Uairén (Venezuela). Onde ficam o Seniat (aduaneira venezuelana) e a Polícia Federal do Brasil, para os turistas legalizarem, a saída e a entrada.
Dormimos em Santa Helena, no Hotel Anaconda, e pela manhã, documentos em dia, prosseguimos entrando na Serra de La Virgem, um percurso aproximado de duas horas de viagem em meio à uma floresta. Daí prá frente, só céu,estrada, montanha e vegetação, sem que houvesse uma posto de gasolina, restaurante ou lanchonete. Um dia inteiro sem almoço e janta, comendo apenas lanches que levamos.
Chegamos ao município de Las Claritas, criado por aventureiros para a exploração de ouro e outros minerais, local bastante perigoso pelas disputas de áreas. Ali, o posto de gasolina estava fechado por ser domingo.Aí começaram os nossos problemas: o carro de Fabrício, repentinamente, teve um pneu furado e em plena noite escura, tivemos que fazer a troca pelo estepe preocupados por estarmos em local ermo.
Um erro de cálculo fez com que a nossa gasolina estivesse próxima de acabar. Encontramos um vilarejo, onde compramos em uma birosca, gasolina no mercado negro. Preocupados com assaltos na escuridão. Atingimos o município de Guasipati, passando por El Tigres, e pernoitamos no município seguinte, Upata. Ressalte-se que as distâncias entre uma e outra cidade,, chegavam a 300 kms ou mais.


                                                                         


                                          No Mar do Caribe, no ferry-boat, revivendo o Titanic
                                                                   Só faltou a Rose.


No dia seguinte, segunda-feira, partimos cedo em direção ao município de Puerto La Cruz, passando por Puerto Ordaz, - os cinco últimos municípios de grande porte - onde pernoitamos e à noite, embarcamos no Ferry Boat que nos levaria pelo belíssimo Mar do Caribe - 4 horas de viagem -, até Isla Margarita, onde chegamos a uma hora da madrugada. Como havíamos reservado um apartamento no edifício Plaza Margarita, em Porlamar, para lá nos dirigimos, assessorados pelos coordenadores de nossa viagem, Alex e Giovanna, perfeitos no seu trabalho junto a turistas.

Venezuela 

Vive sob uma inflação galopante, atualmente, de 65%, o desemprego é enorme e o salário mínimo é da ordem de 4.900 bolívares. Sua moeda é muito inferior ao Real.

A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo no mercado mundial, mas o povo não come e nem bebe gasolina. Enchíamos o tanque com 20 centavos de Real.As maiores cidades venezuelanas são a capital Caracas, Valência. Outras cidades, Assuncion, Cumaná, 
Sua população é de 35 milhões de pessoas - 18 milhões de homens e 17 milhões de mulheres.eMas, é um povo guerreiro, eminentemente católico - La Virgem del Valle é sua padroeira -, que enfrenta os seus problemas com altivez.

                                                                          
                                                                         
                                                  Passeando com o golfinho em Diverland



Na parte de turismo, suas atrações são muitas e belíssimas. Praias, como El Água, Puntarena, Las Coches, o Canal da Restinga, a Serra de La Virgem del Valle, seus lugares históricos como o Forte Santa Rosa.E, a grande atração: Waterland, com as brincadeiras com os adestrados e inteligentes golfinhos, que nos fazem voltar aos tempos de criança.Nas praias, para os turistas tinha lagosta, peixe, ostras e outras iguarias.Para a população, falta pão, leite, carne, arroz, legumes, remédios, material de higiene.A ilha conta com dezenas de Centros Comerciais -shoppings-, com preços convidativos.

Nesse face, existem fotos e textos complementares.
Certamente, daria um livro, pois não relatei um pneu furado na madrugada, na estrada deserta, e a busca por gasolina no mercado negro, a tentativa de arrombamento de nosso carro, o assalto a 120 brasileiros no Hotel Anaconda, o defeito no motor de nosso barco na Restinga da Laguna, a capotagem de um carro na nossa frente, sem vítimas, o atropelamento de uma paca, uma águia pegando uma cobra, os sustos no percurso, quando éramos parados pelas forças militares da Venezuela., e temendo a fiscalização aduaneira por causa das compras.



Foi realmente, uma aventura digna de ser lembrada. Presenciei a saga de um povo sofrido, que não perde o amor próprio, o amor à Pátria.
Senti-me como no tempo das diligências. Percorrendo vastas. planícies. Até índios avistei pelo caminho. 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

INCÊNDIO DO CIRCO: 53 ANOS!. TEXTO I

A REAL HISTÓRIA DA MAIOR TRAGÉDIA CIRCENSE DO MUNDO

O INCÊNDIO DO GRAND CIRCUS NORTE-AMERICANO

EU ESTAVA LÁ!. EU VI TUDO!.

NUNCA MAIS ESQUECI, E, NEM ESQUECEREI...


A trapezista Nena se prepara para a apresentação do salto triplo - a maior atração, mas a mais perigosa -.Alguém gritou: "o circo está pegando fogo". Estabeleceu-se o pânico. Era o início da tragédia.
O dia 17 de dezembro de 1961 era um dia muito quente. A temperatura rondava os 40 graus. Eu, curtia o domingo assistindo uma partida de futebol no campo do Fonseca Atlético Clube, quando fui alertado por uma emissora de rádio, que o Grand Circus Norte Americano instalado na Praça do Expedicionário, em Niterói - Rua Desidério de Oliveira - onde hoje funciona o Centro de Clínicas do Exército - estava pegando fogo. Ele, que havia sido inaugurado dois dias antes (15/12/1961).
O incêndio começou no momento em que os trapezistas iriam iniciar o perigoso salto triplo. Ao grito de "incêndio", todos começaram a correr em diversas direções. Ainda cheguei a tempo de ver as labaredas, a fumaça, a correria e o desespero das pessoas, a maior parte com queimaduras, que saiam aos gritos, por um buraco aberto por um elefante, que salvou muita gente, mas que também matou, pisoteando-as. Também vi corpos e mais corpos estendidos no interior do circo e, até mesmo sentados nas cadeiras, envoltos no plástico da tenda. Todos que haviam ido se divertir com os palhaços, os trapezistas e os animais, na base da pipoca e do sorvete.
Foi iniciado o rescaldo pelo Corpo de Bombeiros, e o atendimento aos sobreviventes que eram conduzidos aos Hospitais Antônio Pedro, Santa Cruz, Azevedo Lima, Maritimos, Luiz Palmier, Hospital Infantil Getúlio Vargas, e para a Santa Casa de Misericórdia, enquanto os corpos dos que morreram eram levados em caminhões para o Ginásio Caio Martins e para o IML a fim de serem reconhecidos e depois sepultados. Muitos foram colocados nos frigoríficos da Indústria Maveroy (que produzia a geladeira Kelvinator), para serem conservados até o sepultamento.
Ás lágrimas escorriam por todos os rostos. Os cirurgiões plásticos Ivo Pitangui e Carlos Caldas (que havia se formado naquela semana), diversos médicos, enfermeiros e voluntários desdobravam-se nos atendimentos. Fui voluntário durante 15 dias no Azevedo Lima, cujo diretor era o saudoso médico Carlos Guida Risso.
A solidariedade do nosso povo foi enorme. A todo instante chegavam medicamentos,ataduras, alimentos, água. As pessoas corriam de um lado para o outro tentando ajudar de alguma forma.
O governador Celso Peçanha determinou providências imediatas. No Cemitério do Maruí foram abertas às pressas, covas para os sepultamentos. O Papa rezou por mortos e feridos e diversos países, bem como a Cruz Vermelha, enviaram medicamentos e donativos. Decorridos tantos anos, ainda não se chegou ao número exato dos que perderam as suas vidas. Dizem que "na maior tragédia em circuito fechado" o número estimado de mortos oscila entre 350 e 400, dos quais 70% eram crianças.
Os culpados foram descobertos: Adilson Marcelino Alves, o Dequinha - condenado a 16 anos e mais seis em manicômio judiciário, que terminou assassinado mais tarde quando fugiu da cadeia em 1973 - o mentor do crime, porque havia sido despedido do circo; José dos Santos, o Pardal -16 anos e mais um ano em colônia agrícola - e Walter Rosa dos Santos, o Bigode -14 anos e mais um ano em colônia agrícola -. Bigode comprou a gasolina e a jogou sob a lona e Dequinha ateou fogo.
Em São Gonçalo, o então prefeito Geremias de Mattos Fontes desapropriou parte das terras de propriedade da Indústria Metal Forty, no bairro Estrela do Norte - segundo informação que me foi prestada pelo então secretário da Prefeitura de São Gonçalo, Osmar Leitão Rosa, que mais tarde seria prefeito da cidade e deputado federal por diversas legislaturas - e mandou construir o Cemitério de São Miguel, onde foram sepultadas vitimas do incêndio. Uma tragédia que nunca será esquecida!
Durante muitos anos o trauma impediu que crianças e adultos assistissem qualquer espetáculo circense em Niterói e São Gonçalo. Decorridos 50 anos, minha memória ainda está bem nítida em relação à tragédia. Ainda recordo dos caminhões que recolhiam e transportavam os mortos e do corpo de uma criancinha, de aproximadamente, dois ou três anos de idade, estendida para reconhecimento no chão frio de mármore do IML, que morreu pisoteada por um elefante.

GENTILEZA
Foi no Incêndio do Circo que surgiu a figura do poeta Gentileza, nascido em Cafelândia, interior de São Paulo, no dia 11 de abril de 1917, que se tornou lendária. No local da tragédia, plantou mudas de plantas e começou a ser chamado de Profeta Gentileza. Embora tivesse sido divulgado que ele perdera familiares no incêndio, ele mesmo disse que não era verdade.
A partir daí tornou-se andarilho, e por onde passava, entre o Rio, Niterói e São Gonçalo, em sua bata branca, repleta de desenhos coloridos, pintava suas frases de amor e de bondade, como "Gentileza Gera Gentileza", existentes até hoje nas 56 pilastras do Viaduto do Caju, Rodoviária Novo Rio.
Foi tema de livro (Brasil: Tempo de Gentileza, do professor da UFF, Leonardo Guelman), de samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, de músicas compostas pelo compositor Gonzaguinha e pela cantora Marisa Monte. Faleceu em 28 de maio de 1996, aos 79 anos e foi sepultado em Mirandópolis, interior de São Paulo.

Nota do Redator
Há dois anos, o Departamento de História da UERJ - Patronato - editou um documentário-vídeo sobre a tragédia e fui um dos entrevistados (por indicação do jornalista-pesquisador Jorge Nunes -, bem como os médicos Ivo Pitangui, Carlos Caldas, e, os jornalistas Carlos Ruas e Mário Dias. No lançamento, encontrei-me com o Dr. Ivo Pitangui e recebemos vídeos do bem elaborado trabalho.
Falou-se muito, há dois anos, na construção de um monumento em homenagem às vitimas, mas até agora, nada.
COMPLEMENTANDO
Amanhã, domingo, dia 4 de dezembro de 2011, sou o PERSONAGEM de duas matérias nas edições do Globo Niterói e no Jornal O SÃO GONÇALO, sobre o Incêndio do Circo. Na última sexta-feira, visitei Regina, uma sobrevivente da tragédia, que mora no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, e que tinha na época, 9 anos de idade.
Seu depoimento ao jornalista Cláudio (OSG) é muito triste. Principalmente no que se refere à discriminação. Até hoje, submete-se de vez em quando a operações plásticas feitas pelo Dr. Ivo Pitangui, - a primeira vez nas mãos, braços e peito, na Santa Casa de Misericórdia - que nunca abandonou os seus pacientes. 


Foto: Departamento de Imagem Oral da Universidade Federal Fluminense

O Incêndio do Gran Circus Norte Americano - 17-12-1961 - TEXTO II

"O Espetáculo Mais Triste da Terra" (Companhia das Letras) - O incêndio do Gran Circus Norte-Americano, em 17 de dezembro de 1961, em Niterói -, completará. amanhã, quarta-feira, 53 anos daquele trágico acontecimento. Tudo que poderia ser dito o foi, na época e através dos tempos, mas o livro do jornalista e escritor Mauro Ventura retrata fielmente os fatos. Foram dois anos de pesquisa, ouvindo testemunhas e sobreviventes, e o trabalho foi coroado de êxito.
Através dos anos, publiquei em jornais que trabalhei e em meu blog, matérias sobre o pavoroso incêndio. As cenas dantescas que vi quando lá cheguei, ainda guardo na memória, aos 78 anos de idade, e me acompanharão até o término dos meus dias.
Hoje, vou lembrar, em tópicos, fatos importantes para a posteridade, e peço a Deus para que uma tragédia como aquela nunca mais aconteça. 503 pessoas perderam suas vidas - esse é o número oficial da Prefeitura de Niterói - mas estima-se que o número foi bem maior.

Gran Circo Norte Americano - o maior da América Latina
Proprietário: Danilo Stewanovich
Local: Rua Desidério de Oliveira com a Avenida Feliciano Sodré
Praça do Expedicionário - próximo à Estação General Dutra
Dia: 17 de dezembro de 1961 - um domingo de muito sol.
Público: Aproximadamente 3 mil pessoas, das quais 70% eram crianças.
Início do incêndio: quando os trapezistas Antonieta Stewanovich (Nena),
Santiago Grotto e Vicente Sanches começavam seu número. Nena gritou
"fogo" e estabeleceu-se o pânico. Gente correndo prá todo lado.
Desesperada, a elefanta Semba saiu pisoteando todo mundo (e matando alguns) e, abriu um
buraco na lona do circo, por onde muitos escaparam.
O incêndio durou dez minutos. Voluntários começaram a socorrer os fe-
ridos e os mortos eram transportados para reconhecimento no IML.
Muitos corpos foram colocados nos frigoríficos das Indústrias Maveroy, que construía
 o Refrigerador Kelvinator.

Solidariedade
Há que se exaltar o trabalho desenvolvido por médicos e acadêmicos de
medicina em diversos hospitais, bem como a solidariedade da população.
Doações de remédios, algodão, gaze, esparadrapo, soro, alimentos, gelo,
ventiladores e importâncias em dinheiro, começaram a chegar de todas as
partes. O Papa rezou pelas vitimas e a Igreja Católica doou 500 mil cruzeiros.

Homenagem aos cirurgiões plásticos e médicos de diversas especialidades:
Ivo Pitangui, Ramil Sinder, Odir Aldeia, Liacyr Ribeiro, Carlos Caldas, Ronaldo Pontes,
Fortunato Benaim (argentino), Waldenir Bragança, Carlos Augusto Bittencourt,
Carlos Guida Risso, Calixto Kalil, Messias de Souza Faria, Carlos Tortelly, entre outros.
Mária Pérola (chefe de escoteiros)

Hospitais
Santa Casa de Misericórdia
Hospital Universitário Antonio Pedro
Hospital Infantil "Getulinho"
Hospital dos Marítimos
Hospital Ary Parreiras
SAMDU  e Pronto Socorro de São Gonçalo
Hospital Psiquiátrico de Jurujuba
Hospital Azevedo Lima
Beneficência Portuguesa
Casa de Saúde São José (São Gonçalo)

Personagens
Presidente da República: João Goulart
1º Ministro: Tancredo Neves
Governador do RJ: Celso Peçanha
Prefeito de Niterói: Dalmo Oberlaender
Prefeito de São Gonçalo: Geremias de Mattos Fontes,
- desapropriou terras da Indústria Metal Forty, para construir o Cemitério de São Miguel, já que 60% dos frequentadores do circo, eram gonçalenses.
Juiz de Direito: Jovino Machado Jordão
Réus: Adilson Marcelino Alves (Dequinha) condenado a 16 anos; Walter Rosados Santos (Bigode), condenado a 14 anos; José dos Santos (Pardal), condenado a 16 anos..
José Datrino (o Profeta Gentileza) apareceu dias depois,
intitulando-se "Enviado de Deus". Suas frases tornaram-se conhecidas e estão por toda a parte, principalmente nas colunas do Viaduto do Caju, Rio, mas ele não perdeu nenhum familiar no incêndio.

Cobertura
Jornal do Brasil
O São Gonçalo
O Fluminense
Correio da Manhã
O Dia
Revista O Cruzeiro
Luta Democrática
Manchete
Tribuna da Imprensa
Última Hora
O Globo
Fatos e Fotos

Homenagem
Mauro Ventura autor do livro, cujo título está no início do lide desse artigo, é jornalista. Repórter especial de "O Globo", recebeu em 2008, os prêmios Esso e Embratel, pela reportagem "Tribunal do Tráfico". Nasceu no Rio, em 1963.
Fontes: blogdojornalistaassueres e o livro "O Espetáculo Mais
Triste da Terra", de Mauro Ventura.
Tento recordar os fatos, mas muita coisa se perde na memória aos 78 anos
de idade.
Homenageio a sobrevivente e minha amiga Regina Fontes, moradora no bairro Porto Novo,
em São Gonçalo, que na época tinha 9 anos de idade.