terça-feira, 7 de agosto de 2012

Chiquinha Gonzaga: a vitória na luta contra a discriminação

Aos 18 anos de idade


 
Aos 78 anos
A história não fala dos covardes!. 

Entre tantas e valentes mulheres que combateram a discriminação em séculos passados, há que se forçosamente, registrar a história de uma mulher guerreira, que abandonando a riqueza, o luxo, a opulência, o conforto de vida familiar, e, lutando contra todo tipo de ação discriminatória, conseguiu com muita luta e sacrifício, ao final de tudo, a vitória pessoal e o reconhecimento da sociedade brasileira. 
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, pianista, compositora, regente, autora de choros, valsas, polcas, maxixes, fados, quadrilhas, serenatas, músicas sacras, e a primeira mulher a reger uma Orquestra no Brasil, nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847 e morreu em 28 de fevereiro de 1935, filha do General do Exército Imperial Brasileiro, José Basileu Gonzaga e de Dona Maria Neves de Lima, uma negra de origem humilde. Era afilhada de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Apaixonou-se pela música, ao ganhar um piano de seu pai, aos 9 anos de idade. Aos 11 anos, compôs a sua primeira canção. Casou-se muito cedo, aos 16 anos, com o oficial da Marinha Imperial, Jacinto Ribeiro do Amaral, com que teve três filhos: João Gualberto, Maria do Patrocínio e Hilário. 
A união não deu certo, porque Chiquinha insistia em participar de reuniões de lundu e umbigada, gêneros musicais originários da África. Sem que o marido soubesse, participava de reuniões do "Choro do Callado", na casa do flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Callado, - 1848 -1880 -, considerado o "Pai dos Chorões", que mesmo sendo casado com Feliciana, apaixonou-se por ela, sem ser correspondido, e que morreu aos 31 anos, vitima de meningite.
Chiquinha abandonou o lar em companhia de seu filho, João Gualberto, e passou a viver  da música, dando aulas de piano e vendendo na rua, as suas partituras, que começaram a fazer sucesso.
A sociedade não lhe perdoava o fato de ter abandonado o seu lar. Comentários desairosos eram ouvidos por toda parte. Seu pai, o coronel Basileu passou a considerá-la como morta, não permitindo que seu nome fosse citado em sua casa. E, nem deixava que Chiquinha visse sua filha, Maria do Patrocínio. Chiquinha passou a viver com seu filho João Gualberto, por quem se sacrificava para que nada lhe faltasse. 
Em 1867, reencontrou um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve uma filha, Alice Maria, que terminou por não ficar com ela.. O casamento não deu certo, porque João Batista era homem de muitas mulheres, mantendo principalmente um romance de idas e vindas com a atriz Suzete Fontaine, e Chiquinha não admitia dividi-lo com ninguém.  
Chiquinha Gonzaga conheceu em uma festa da corte imperial, o maestro Carlos Gomes, que compôs "O Guarani", a sua ópera mais conhecida, em 1870, por ela se encantou, chegando a comparecer a uma apresentação dos chorões do Callado, que se reuniam em uma confeitaria. Carlos Gomes entusiasmou-se por suas músicas e pela dança denominada de "parafuso" ou "enrosca".
O romance não prosperou porque Carlos Gomes teve que retornar à Itália, onde era casado. Mas, antes de partir, presenteou Chiquinha com uma batuta que havia ganho de um admirador. Com ela, viria a se tornar a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Em troca, ganhou a partitura de valsa "Carlos Gomes", feita pela compositora em sua homenagem.
Mais tarde, Carlos Gomes retornou ao Brasil, e assistiu Chiquinha Gonzaga regendo brilhantemente uma orquestra, um show de violões, e voltaram a viver um intenso romance, que durou pouco tempo, pois com a assinatura da Lei Áurea - que libertou todos os escravos no Brasil, pela Princesa Isabel, e a Proclamação da República - em ambas, Chiquinha teve destacada atuação -, o maestro Carlos Gomes acompanhou a Família Imperial na volta a Portugal. Nascido em Campinas, em 11 de abril de 1836, faleceu em Belém do Pará, aos 60 anos, em 16 de setembro de 1896, mas foi sepultado em São Paulo. No Rio, existe uma sua estátua, na Cinelândia. 
Os anos se passaram e, aos 52 anos, Chiquinha apaixonou-se pelo estudante de música, João Batista Lage, que tinha apenas 16 anos. Continuava assediada pelo seu primeiro amor, o engenheiro João Batista de Carvalho. Para evitar falatórios, adotou o jovem como seu filho, e viajou para Lisboa em 1902, retornando ao Rio, somente em 1906. O romance só foi descoberto após a sua morte, em 1935, através de documentos.
Entre as mais de 2 mil composições e 77 peças teatrais, de sua autoria, podem ser lembradas, entre outras: em 1877, a polca "Atraente" (a mais vendida); em 1885, a opereta "A Corte na Roça"; em 1897, o tango "Gaúcho"; em 1899, ao assistir um ensaio do Cordão Rosa de Ouro, no Rio, a sua primeira marcha carnavalesca, "Ó Abre Alas"; em 1911, a opereta "Forrobodó"; em 1914, o Maxixe "Corta Jaca"; em 1934, a partitura da peça "Junti", de Viriato Corrêa. 
Outros grandes sucessos, foram: "Lua Branca", "Casa de Caboclo", "Faceiro" e Falena". Em 1933, aos 87 anos, escreveu a sua última partitura, "Maria". Faleceu em 28 de fevereiro de 1935, poucos dias antes, do início do carnaval.
Chiquinha Gonzaga integrou, ainda, o movimento abolicionista, junto a José do Patrocínio, Castro Alves, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, . Vendia as suas partituras de casa em casa, e com a renda de "Caramuru", chegou a comprar a alforria do escravo e músico José Flauta ( o Zé da Bica), um pouco antes da assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel. 
Fundou ainda a Associação de Autores Teatrais.
A vida de Chiquinha Gonzaga foi retratada no cinema, pelas atrizes Bete Mendes (Brasilia 18%) e Malu Galli (O Xangô de Baker Street) , pelas atrizes Gabriela Duarte e Regina Duarte, em minissérie na TV, e foi tema de desfiles carnavalescos no Rio de Janeiro, dlas Escolas de Samba Mangueira e Imperatriz Leopoldinense.
Em maio de 2012, foi sancionada a Lei 12.624, instituindo o Dia Nacional da Música Popular no Brasil, a ser comemorada em 17 de outubro, data de nascimento de Chiquinha Gonzaga.

Texto: Assueres Barbosa

fotos: Wikipédia - a enciclopédia livre -

Fontes diversas. (bibliografias, filmes, minisséries, etc...).











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