sábado, 23 de junho de 2012

Conferência da ONU Rio+ 20 supera críticas e texto final é aprovado por maioria absoluta

O resultado final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, - O futuro que queremos - que foi realizado no Rio de Janeiro, no período compreendido entre os dias 13 e 22 de junho, já estava decretado antes do texto final ser apresentado.
Ao declarar que o documento não sofreria mudanças para a sua aprovação, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban-Ki Moon, conseguiu que fossem geradas muitas críticas, tanto assim, que logo no primeiro dia dos trabalhos, o representante de mais de 1.000 organizações não governamentais, Waek Ramidan, da Climate Action Network International, pediu a retirada da frase "com a participação plena da sociedade civil".
Isso porque, no texto não foram incluídas as responsabilidades específicas, os repasses financeiros, a discriminação de prazos para adoção das medidas  e a ampliação de poderes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -Pnuma -.
Antes, o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo Macedo, responsável pelas negociações brasileiras, havia declarado, que "o documento é o que existe e será enviado assim para ser votado em assembléia. Já foi negociado e concluído".
Mas, para Wack Ramidan e as ONGs, não foi objeto de colocação no texto, o direito reprodutivo das mulheres, o uso e a produção de energia nuclear, a regulação detalhada das águas oceânicas, as metas e prazos. Cerca de 20 Ongs brasileiras, em sinal de repúdio devolveram os seus crachás de participação na conferência.
Outros protestos se fizeram sentir, como o do presidente da Colômbia, Rafael Corrêa, que criticou as ajudas milionárias aos bancos com problemas econômicos: "essas doações deveriam ser feitas para salvar o meio-ambiente". A África do Sul, o Taiti e a República Dominicana pediram ajuda na redução da pobreza mundial. 
Outra crítica, foi feita pela ex-Ministra do Ambiente, Marina Silva: "o documento proposto pelo Brasil e aceito por outros países, privilegia apenas a economia e, não a sustentabilidade. É contundente. A Rio+20 foi uma pá de cal na Rio-92". 
A Santa Sé, que representava a Igreja Católica e o Estado do Vaticano, a União Soviética, a Bolívia e o Equador, afirmaram através de seus representantes, que "o texto deveria ter sido mais ousado, mais ambicioso. Não passaram da ação à prática".
Alguns chegaram a lembrar que na Eco-92, uma menina de 12 anos, a canadense Severn Suzuki, questionou os delegados da convenção, ao dizer que "estou aqui para salvar meu futuro. Vocês não sabem como salvar os salmões das águas poluídas".
No último dia, o texto final, "O Futuro que Queremos", após negociações, foi adotado por 190 países, incluídos o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a aprovação de um programa de um alto nível internacional e o desenvolvimento sustentável com a erradicação da pobreza. 
Após a aprovação, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que o texto final é "ambicioso, amplo e prático".
No encerramento da Conferência, a presidenta Dilma Roussef  afirmou que, "a Rio+20 é um legado intangível. A mobilização de uma nova geração no Brasil e no mundo, em torno dos desafios da sustentabilidade".
Cobrou dos países participantes, mais empenho em relação aos compromissos aprovados e, anunciou a colocação pelo Brasil, de US$ 6 milhões no Pnuma, além de US$ 10 milhões no enfrentamento das mudanças do clima nos países mais vulneráveis da África e pequenas ilhas. 


PROGRAMA
Durante o período que durou, a Rio+ 20 foi palco de seminários, exposições, encontros, da "Cúpula dos Povos", no Riocentro, Parque dos Atletas (Barra), Autódromo de Jacarepaguá, Arena da Barra, Espaço Vivo-Rio, Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, Pier Mauá e Galpão da Cidadania, Quinta da Boa Vista, Aterro do Flamengo e na Zona Oeste.
Paralelamente, aconteceram outros eventos: a Exposição "A terra caiu do céu", com imagens do fotógrafo Yann Arthus Bertrand, na Cinelândia; a Marcha da Maconha, em prol da legalização da droga, no bairro Glória; a participação das tribos indígenas Pataxó e Kariri Xokó; o Fórum de Ciência Tecnológica e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, na PUC-RJ; o Encontro Global dos Municípios, a Global Town Hall, no Parque dos Atletas, na Barra; e, a Ted X Rio+20, no Forte de Copacabana, sob o tema "O Poder Humano com a ONU". 



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