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Joaquim de Almeida Lavoura
foto: sãogoncaloturismo.com |
Quando o assunto a ser discutido em São Gonçalo é política, forçosamente há que ser lembrado o nome de uma das maiores lideranças da cidade, o ex-prefeito Joaquim de Almeida Lavoura, que nas décadas de 50, 60 e 70, impulsionou o desenvolvimento do município, mercê de sua capacidade administrativa e honestidade no trato com a coisa pública. Chegou a ser citado pela Revista Americana Time, como um dos melhores administradores de cidades no Mundo.
Nascido no bairro Caju, no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1913, filho de José Marques de Almeida e de Maria Cândida de Almeida, Joaquim Lavoura de catador de lenha, trabalhador em uma fábrica de conserva de peixes, pescador e comerciante no bairro Gradim, chegou à política e elegeu-se vereador por dois mandatos: 1947/1950; 1951/1954; prefeito por três mandatos: pelo PTN (Partido Trabalhista Nacional), em 1955/1959, quando desbancou políticos tradicionais, usando como símbolos do trabalhador braçal, a pá e a picareta; 1963/1967; 1973/1975. (
Faleceu em novembro de 1975, assumindo em seu lugar, o vice-prefeito Zeyr de Souza Porto). Foi também deputado estadual, em 1970, e Superintendente do Serviço de Transportes-RJ, em 1967, nomeado pelo governador Geremias de Mattos Fontes.
O político do cigarro de palha e do chapéu, mostrando seu poderio político, elegeu seus principais afilhados, do Grupo Joaquim Lavoura, como Geremias de Mattos Fontes (prefeito em 1958/1962) e Osmar Leitão Rosa (prefeito em 1966/!970). Isso sem falar em deputados federais, estaduais e vereadores.
Realizações
Lavoura, ao se eleger prefeito, ousou, retirou as linhas de bondes, alargou as passagens e promoveu os calçamentos do Porto Velho e Sete Pontes, vias principais de ligação de São Gonçalo com o município vizinho de Niterói. Era comum encontrá-lo, na direção de tratores e escavadeiras e utilizando pás.
Passou a controlar a frota de veículos da municipalidade. Comprou máquinas pesadas, retroescavadeiras, máquinas patrol e viaturas de transporte. Comprou e instalou a Usina de Asfalto e a Fábrica de Artefatos de Cimentos (manilhas e meio-fios). Construiu estradas e pontes, visando o escoamento das produções agrícola, pecuária, comercial e industrial.
Modernizou o Hospital Luiz Palmier e construiu o Pronto Socorro Infantil "Darcy Vargas". Instalou e equipou centros cirúrgicos e os laboratórios, adquirindo modernas ambulâncias. No setor de Educação, o Grupo Lavoura construiu o Colégio Municipal Presidente Castelo Branco (em 31 de março de 1970, na gestão do prefeito Osmar Leitão Rosa); Colégio Municipal Ernani Faria (Lavoura/Zeyr Porto), Centro Cultural Joaquim Lavoura (Governo Hairson Monteiro).
Políticos
Seguindo a trajetória de do prefeito Joaquim Lavoura, podem ser citados nomes de políticos com brilhantes carreiras em São Gonçalo, como:
Geremias de Mattos Fontes - vereador, prefeito, deputado federal e governador do Estado do Rio
Osmar Leitão Rosa - vereador, prefeito e deputado federal
Hairson Monteiro dos Santos - vereador, prefeito e deputado estadual
Zeyr de Souza Porto - vereador, prefeito e deputado estadual
Josias Ávila Júnior - deputado estadual
Ayrton Rachid - vereador e deputado estadual
Antonio Maia - vice-prefeito
Oton São Paio - vereador e deputado estadual
Manoel de Lima - vereador por seis mandatos consecutivos e prefeito
N.R. Essa referência em meu blog sobre Lavoura, visa apenas lhe prestar uma modesta homenagem, já que dezenas de historiadores contaram a sua trajetória com muita categoria. Lavoura foi ainda tema de teses e de monografias na Uerj-Patronato, por parte de Marilda dos Santos Monteiro das Flores e de Edila Gômes Barreto.
Contar sua história seria muito difícil para um leigo, apenas um modesto jornalista, que se inspirou em fontes do jornalista Jorge Nunes e do advogado Evaldo Ferreira Palmar, que conviveram muito com Joaquim Lavoura.
Conheci Lavoura em 1963, quando trabalhava em um jornal carioca e me mandaram entrevistá-lo. Eu o encontrei em cima de uma reto-escavadeira no bairro Patronato, retirando lama das ruas. Surgiu uma boa amizade e depois terminei por fazer o cerimonial de sua morte, quando milhares de pessoas o acompanharam a pé, até a sua derradeira morada, no Cemitério de São Gonçalo, em seu mausoléu.
Uma boa lembrança que tenho de Lavoura, é a de quando tomávamos cafezinho na madrugada, em um bar na esquina da entrada do bairro Covanca. Depois, ele mandava seu motorista levar-me em casa.