segunda-feira, 12 de março de 2012

Centenário de vida do jornalista Luís Antônio Pimentel

Com a presença de Luís Antônio Pimentel e do elenco da peça "12 dias com Leviana", a Editora Nitpress e a Sociedade Fluminense de Fotografia realizam uma conferência de imprensa na próxima quarta-feira, dia 14 de março, às 11 horas, na sede da SFF  (Rua dr. Celestino, 115, Centro, Niterói), para apresentar seus projetos voltados ao centenário do autor. 

Além da peça, que marcará o primeiro texto de Pimentel levado ao palco, com apresentações nos dias 23, 24 e 25 de março, no Teatro Municipal de Niterói, a editora está preparando o lançamento do livro O amor segundo Luís Antônio Pimentel, organizado por Luiz Augusto Erthal e Luiz Antonio Barros. A Sociedade Fluminense de Fotografia, da qual Pimentel é o único fundador vivo, também participa desses projetos, além de organizar uma exposição, com curadoria de Graça Porto, a ser aberta no dia 31 de março.

Luís Antônio Pimentel, provavelmente o mais antigo jornalista em atividade no Brasil, completa 100 anos de vida no próximo dia 29. Dividindo sua longa militância na imprensa com uma intensa produção literária, ele é hoje um dos maiores ícones da cultura fluminense, reconhecido internacionalmente por seu talento multifacetado – memorialista, poeta, fotógrafo e muito mais.

Para comemorar a data, a editora Nitpress, que tem em Pimentel o maior expoente de seu cast editorial, prepara o lançamento da antologia O amor segundo Luís Antônio Pimentel, que acontecerá no dia 23 de março, às 19 horas, no Teatro Municipal de Niterói, precedendo, no mesmo dia e local, a estreia da peça “12 dias com Leviana”, baseada em novela homônima de 1944, sendo este o primeiro texto de Pimentel levado ao palco.

Os dois eventos, praticamente simultâneos, abrem festivamente a semana do centenário de Pimentel, cujas comemorações envolvem várias atividades na cidade de Niterói, onde ele vive desde a infância, após deixar a sua Miracema, no interior fluminense. Pimentel tem sido um pioneiro em diversos aspectos e um ator/espectador da história:

-  Aos 10 anos, participa de um experimento de Roquete Pinto, que o escolhe no meio do público e lhe põe os fones aos ouvidos para testemunhar, durante a Exposição Internacional de 1922, no Rio de Janeiro, a primeira transmissão radiofônica no Brasil;
-  Nos primeiros anos da década de 30, já como jornalista, assina uma coluna diária na Gazeta de Notícias sobre os bastidores do rádio, veículo que viu/ouviu nascer. Trava contato com os grandes nomes do rádio na época – data desse período a novela 12 dias com Leviana, que narra um romance intenso vivido por um jovem poeta com uma cantora do broadcasting – e tem músicas suas gravadas (também é compositor bissexto, com parceiros como Orestes Barbosa) por Carmem Miranda, entre outros intérpretes;
-  Comunista convicto, é preso em 1936. Em 1937, fugindo da perseguição do Estado Novo, consegue uma bolsa de estudos no Japão, onde trabalha na Rádio de Tóquio e trava contato com a cultura japonesa. Torna-se o primeiro poeta brasileiro a ser traduzido e publicado no Japão, com o livro Namida no Kito(Prece em lágrima), em 1940;
- No mesmo ano, tem publicado no Brasil o primeiro livro de contos japoneses:Contos do velho Nipon, relançado pela Nitpress em 2009, pelas comemorações do centenário da imigração japonesa para o Brasil (na ocasião, Pimentel foi um dos três  brasileiros, sendo o único de origem não nipônica, homenageados pelo governo do Japão);
- Com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, ele retorna, trazendo na bagagem o cânone do haicai, gênero poético oriental que ajuda a introduzir, criando uma importante escola haicaista em Niterói, onde até hoje cultiva discípulos de vida e poesia;
- Participa da organização da Sociedade Fluminense de Fotografia, da qual é hoje o único fundador vivo. Suas fotos, sobretudo os nus femininos, correm o mundo em diversas exposições internacionais;
- Membro da Academia Fluminense de Letras, entre várias outras instituições acadêmicas, publicou quase duas dezenas de livros, enfeixados em 2004 nas suas Obras Reunidas. Em 2007, um trabalho inédito veio à luz – Haicais Onomásticos, marcando o início de sua atuação na Nitpress.

Aos 100 anos, Pimentel continua produtivo. Vai todo dia de ônibus do bairro de Icaraí, onde mora, ao Centro de Niterói, levar pessoalmente sua coluna diária – “Artes Fluminenses” – para o jornal A Tribuna.



Texto do jornalista Luís Erthal, diretor da NitPress. 
Apoio na divulgação: Comunicação@Editora UFF. Jornalista Ana Paula Campos.

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