Palacete do Mimi Foto: Wikipédia - a Enciclopédia Livre |
Foi inaugurado em maio de 1917, mostrando enorme suntuosidade em todos os aposentos, como suítes e salas ornamentadas com espelhos adquiridos na Europa, cortinas de veludo com alamares, vindo da França e da Itália, tapetes persas nos assoalhos, sacada em mármore de alabastro, com corrimão dourado a ouro, além de contar com uma enorme piscina, que tinha uma passagem secreta em direção ao interior do palacete, e vice-versa, abastecida por uma enorme cisterna de água natural, de vinte toneladas, que brotava do solo. Também havia uma Capela para práticas religiosas e jardins com belas rosas vermelhas e cravos brancos.
No dia da inauguração, começaram a chegar para o Baile, as luxuosas carruagens, trazendo os convidados. Os cavalheiros de fraque e cartola e as damas com seus vestidos brancos de cetim, voill e gorguran e sapatos na mesca cor. todos os ornamentos adquiridos no exterior. Um buffet da Confeitaria Colombo, vindo do Rio de Janeiro, oferecia as mais deliciosas iguarias e as mais refinadas bebidas. Foi um luxo só...
Nos dias seguintes, os convidados se dividiam entre a piscina, a pescaria nos rios existentes no bairro, entre os quais, o Mondego, e a caça do pacu e outros animais, (os homens) enquanto as mulheres dedicavam-se à música e ao canto. Na realidade, naquela época já existia a chamada "boca-livre", pois Rocha Lima nada cobrava de seus hóspedes. E, durante a Guerra Mundial de 1917, a família resolveu reunir familiares e pessoas da sociedade fluminense e européia, que se constituiu em mais um grande sucesso.
Mas, em 1920, com a queda do preço do café e a proibição do jogo no Brasil, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, Rocha Lima teve que fechar seu Cassino, contraiu muitas dívidas e na impossibilidade de saldá-las, entregou o Palacete ao seu amigo e financiador da obra, Ernesto Primo, indo para o interior do Estado a fim de cuidar de suas fazendas. Mas, antes, a família resolveu promover a festa de entrada da primavera, com o mesmo requinte anterior.
Entre tantos convidados ilustres que frequentaram o Palacete, na época, estavam: o Dr. Américo Salvatori e sua esposa, Dona Antonieta; o milionário Vilela Corrêa Bastos; a pintora Tarsila do Amaral (expoente da era Modernista); pintor Di Cavalcanti; Ministro Graça Aranha; escritores Oswald e Mário de Andrade; Paulo Prado; jornalista Irineu Marinho (proprietário do Jornal A Noite); pintor Villa Lobos, entre tantas outras personalidades.
Palacete de Mimi
Em 1951, Mimi, herdeiro da Gráfica e Papelaria "Mimi", distribuidora de livros didáticos, adquiriu o Palacete e recuperou o imóvel, passando a alugá-lo para a realização de festas de luxo, festas juninas, concursos de misses e desfiles de modas. Nos anos 51 e 52, São Gonçalo foi campeão e bi-campeão de futebol do Estado do Rio (o ex-deputado estadual Ayrton Rachid fazia parte da equipe). Mimi alugo Palacete à municipalidade para concentração dos jogadores.
Na década de 60, o então governador Geremias de Mattos Fontes, aniversariou, e ali foi realizado um grande churrasco, ao qual compareceram políticos, jornalistas e representantes dos mais diferentes segmentos da sociedade fluminense, entre os quais, Osmar Leitão Rosa, Ayrton Rachid, Josias Ávila Júnior, ministro Mário Andreazza, coronel Jarbas Vasconcelos, jornalistas Capitão Belarmino de Mattos, Cezar Mattos, Luiz Vivas, Assuéres Barbosa.
Veio então a decadência de Mimi, quando a polícia resolveu intensificar o combate ao jogo. Sem condições de faturamento e frente aos altos gastos de manutenção, o Palacete do Mimi praticamente acabou. Passou por diversos grupos, mas por último foi comprado por um grupo de médicos, que o abandonou. Houve a invasão por pessoas, depredação e tudo foi carregado e vendido. Da bela história da obra de arte, hoje só restam ruínas.
Nota do Redator: participei, ali, de concursos de misses, dancei em festas juninas, do churrasco do ex-governador Geremias de Mattos Fontes, até que tudo acabou. O que é uma pena!.
Tenho um exemplar raríssimo do livro de Ismael de Souza Gomes, que conta toda a história, bem como uma pintura, óleo sobre tela, do pintor gonçalense Paulo Nunes.
Fonte: "O Palacete do Mimi" - 1996 - escritor Ismael de Souza Gomes -
Parabens pela matéria Sueres. Muito boa. Sou admirador da História do Palacete do Mimi.
ResponderExcluirCriei uma matéria no Wikipedia e postei essa pequena foto do palacete lá!
Miguel Praça
muito boa a materia,sou admirador de historia e dou muito valor a tudo isso principalmente arquitetura dessas obras de antigamente,é uma coisa deslumbrante !!!!Obrigado por divulgar essa obra de arte,sou Gonçalense com muito orgulho !!!
ResponderExcluirFico curioso, como pode este palacete, obra de apurada beleza arquitetônica sumir do mapa, cadê as fotos, cadê os videos, tantas festas, comemorações, neste palacete e nada de registro, não entendo, só mesmo aqui em São Gonçalo.
ResponderExcluirEncontrei seu texto sobre o Palacete do Mimi durante uma pesquisa que estou realizando sobre a historia da minha família para a geração mais jovem.
ResponderExcluirSou bisneto do Sr. Floriano Rocha Lima, portanto sei boa parte desta historia que foi vivida por meus tios e pai que nasceram neste Palacete.
O texto é preciso até certo ponto, e até mesmo ameniza a forma pela qual minha família saiu da propriedade.
Ocorre que meu bisavo nunca operou um cassino no local, isso só veio a ocorrer após 1932, ano em que meus familiares deixaram o palacete, pelo Sr. Mimi que adquiriu o imóvel do Sr. Primo. Corrobora minha afirmação o fato que o Presidente Gaspar Dutra só ter sido eleito em 1945 e proibido o jogo em 1946.
Meu bisavô, Sr. Rocha Lima, nesta época já havia falido com a crise do café a mais de uma década.
Com a proibição do Jogo o Sr. Mimi passou a alugar o local para eventos.
A ultima vez que estive no palacete funcionava como uma clinica médica particular, época na qual meu pai se propôs a recomprar o imóvel (promessa que fez ao seu avo aos 5 anos de idade ao sairem do palacete) mas foi desencorajado pelos meus tios. Quem sabe se estivesse na família ainda estaria de pé.
Uma coisa que não entendo nessa história toda. Meu avô foi barão em Campos, perdeu quase tudo que possuía e veio para São Gonçalo onde adquiriu um palacete, que perdeu em jogo de cartas para uma pessoa de sobrenome Nanci. Fiquei órfão cedo e sempre ouvi minha tia Celeste Ferreira Agura dizer que o palacete foi tombado e que pertencera a meu avô Euclides e minha avó Rachel. Algo me parece estranho nisso tudo, a começar pela troca do sobrenome da família por erro de cartório; ao invés de grafarem Azzurra, grafaram Agura. Minha mãe e minha tia moraram em um palacete em são Gonçalo e dizia minha tia que meu avô era muito prosa. Minha prima Olga sempre dizia para corrermos atrás de propriedades em Campos, mas tia Celeste dizia que meu avô deixara pá, picareta e pedra. Não estou duvidando da veracidade dessa história, mas gostaria de saber se existe ou existiu outro palacete só por curiosidade.
ExcluirBoa noite, o senhor poderia me passar com gentileza o email, faceboock ou algum contato, pois muitas pessoas como eu, participaram de momentos maravilhosos no palacete. Tenho certeza que seu contato e quem sabe encontro iria gerar riqueza, conhecimento e historias trocadas maravilhosas. Meu nome é Leonardo, sou morador do bairro mutondo. Tenho 40 anos e fui um jovem da decada de 90 que nos momentos rebeldes (rsrs) escutava noites inteiras, rock sobre os escombros do Palacete, mas sempre sonhando como seria tal lugar coberto sempre com um belo luar. Antecipadamente agradeço sua atenção!
Excluiramigodosenhor@hotmail.com
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Muito interessante sua história JBTorres tem alguma coisa que possa passar pra gente documentos ou fotos antigas do Palacete? zecapinheiro14@outlook.com
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ResponderExcluirLamentável...poderiam ter sido tombado pelo patrimônio histórico....
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